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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 949-1

949-1

RELATO DE CASO DE INFECÇÃO POR Yokenella regensburgei E ANÁLISE CRÍTICA: UM PATÓGENO EMERGENTE OU SUBNOTIFICADO?

Autores:
Adriane Maestri (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR) ; José Neto (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR) ; Ana Tomaz (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR) ; Gislene Kussen (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR) ; Keite Nogueira (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR)

Resumo:
A epidemiologia clínica e molecular da Yokenella regensburgei é pouco conhecida. Este patógeno é bioquimicamente relacionado a Hafnia alvei e métodos manuais ou automatizados menos precisos podem não as distinguir adequadamente. Com o avanço dos métodos moleculares, como MALDI-TOF e a amplificação do gene 16S rRNA seguida de sequenciamento, tornou-se possível uma identificação mais precisa e confiável da Y. regensburgei. Em um Hospital Terciário de grande porte no Sul do Brasil, essa espécie foi identificada pela primeira vez a partir de uma amostra de urocultura e duas amostras de hemocultura (coletas diferentes) de um recém-nascido de dois dias, internado na UTI neonatal devido a complicações no parto que levaram a asfixia perinatal. No dia da obtenção das amostras o recém-nascido apresentava oligúria e sinais de sepse (distermia, taquipneia, plaquetopenia, piora laboratorial importante). Foi iniciada a terapia empírica com amicacina e oxacilina. O crescimento de Yokenella regensburgei foi identificado por MALDI-TOF MS Biotyper (Bruker Daltonics) e sequenciamento do gene 16S. O teste de sensibilidade foi realizado no equipamento, BD Phoenix™, apresentando sensibilidade a amicacina, ciprofloxacino, ceftriaxona, cefepime, gentamicina, piperacilina-tazobactam e meropenem. Após resultado do teste de sensibilidade, a antibioticoterapia foi trocada para cefepime. Em dois dias a oligúria foi resolvida e nova hemocultura coletada, com resultado negativo. O paciente teve alta 30 dias após nascimento. Existem na literatura 16 publicações sobre infecção em humanos por Yokenella regensburgei. Todos os artigos relatam um único caso de infecção. As infecções relatadas são infecções de pele e tecidos moles (10 casos), trato respiratório (1 caso), trato urinário (2 casos), sendo que em 6 desses casos, a infecção inicial foi seguida de bacteremia. Também foram isoladas de hemoculturas de 3 pacientes sem outra fonte de infecção. Quatro dos pacientes com bacteremia apresentaram sinais de sepse. Entre os 16 pacientes com infecção, 11 apresentavam doença de base com aumento de risco de infecções bacterianas, e todos eram adultos. Esse é o primeiro relato de infecção por esse microrganismo em recém-nascidos. Apesar da maioria das infecções acontecerem em pacientes imunossuprimidos, os casos de bacteremia demonstram o potencial de virulência dessa espécie. É possível que o aumento do uso dos métodos moleculares, em especial o MALDI-TOF, disponível hoje em muitos laboratórios de microbiologia clínica, faça com que o número de casos de infecção por essa espécie tenha sua notificação aumentada. Com isso será possível realizar estudos que identifiquem a fonte das infecções, assim como os fatores de virulência desse microrganismo. A diferenciação de outras espécies bioquimicamente semelhantes, assim como a compreensão da epidemiologia dessa infecção é importante para definir se estamos frente a um patógeno emergente ou se a infecção tem sido subnotificada.

Palavras-chave:
 Yokenella regensburgei, Hafnia alvei, MALDI-TOF